13.10.15

dublês

antoine doinel 
sua mãe e seu pai
vão ao cinema
ver "paris nous appartient"
nós somos seus dublês
ele me resgata do
quarto escuro
e me faz uma proposta
como quem pergunta:
"será que nós temos
direito a essa felicidade?"
a. se senta entre nós
não é a primeira vez
que eu me pergunto
o que será que eles 
pressentem
quando no dia anterior
o cartão com um pequeno
coração vermelho 
que acompanha 
as flores inesperadas
diz "de um admirador secreto"
os dois observam
bastante atônitos
hoje somos apenas dublês
a a. é de antoine
e ele diz diante 
da tela da tv:
"moi ce film il m'a bien plu"
p. continua a cena:
"il n'était pas marrain"
e eu
também no meu papel:
"mais il avait du fond"
os três rimos 
como os três riem
passamos pela felicidade
como eles passam
ficamos sós