7.10.11

colectivo

"tenho muito medo das coisas inacabadas".
não é ela quem diz isso.
ela diz:
"tenho que retomar minha vida".
quando o ônibus parte, observo e aceno, mas ela não me vê.
a cabeça no vidro, o trajeto a leva:
rebouças, pacaembu, santa cecília, rosario, mar del plata,
quem sabe, "uma folha ao vento", ela diz.
e tudo isso é dito em outra língua.
nessa língua os projetos ficam suspensos,
as casas desaparecerem, as pessoas viajam como se fosse um destino.
nessa língua eu sou ela e o que ela diz é uma verdade impossível.