25.5.13

museu

o grupo estava uma sala adiante de nós.
o que eles falavam era apenas um eco.
meus dois amigos observavam impressionados
a tripa saindo de um quadro, a fenda de sangue num mapa, os azulejos que davam forma a um horror.
f. estava mais interessado no seu pirulito,
mas às vezes perguntava também intrigado,
o que é isso?
e a perguntava ficava pairando.
quem sabe o guia do grupo pudesse responder,
mas diante da irritação de f.
já sem pirulito,
o homem, alto, olhos arregalados,
só soube dizer que ele
talvez não gostasse de arte contemporânea.
f. se jogou no chão,
aos berros, e sua fúria era como
um outro eco de outra violência.
o homem então, ainda mais arregalado,
me puxou num canto e me disse,
enfático:
necesita aire, señora, este niño,
necesita aire.