6.12.10

barricada

antes de me deitar, um ritual:
as almofadas na vertical, paralelas ao corpo, encolhido no canto oposto ao lado em que se encontra o seu berço.
o berço, por sua vez, bem colado à parede.
um banquinho, uma cadeira e o ventilador deveriam também bloquear minha passagem.
tudo isso para impedir que no sobressalto noturno eu chegue até ele e o levante.
assim procuro proteger o bebê dos meus terrores noturnos que agora o têm como alvo.

de dia, o pavor do ato impensado:
uma curva apressada e um ônibus perto demais, na nossa direção.
o carinho que desliza sozinho, vazio, por sorte.
a cabeça passando muito próxima da parede quando o seguro no colo.